RESENHA CRÍTICA: CRY MACHO
O filme ‘Cry Macho’ estreou ontem, 16 de setembro, nos cinemas brasileiros e, claro, teve cabine na sala Bradesco Prime, do Village Mall. O filme é no estilo neo-western e drama dirigido e produzido por Clint Eastwood, que é estrela do filme. O longa é baseado no romance homônimo de 1975 de N. Richard Nash. O destaque do filme, claro, vai para o cineasta e protagonista do filme, o aclamado Clint Eastwood, que aos 91 anos continua dirigindo e mostra uma disposição física e mental nas telonas. O ator é conhecido por uma longa lista de filmes que mostram o astro como um cara durão e anti-herói em suas mais variadas produções. Mas em seu mais atual filme, onde o astro, atua e dirige, ele desmistifica os papéis de macho durão, e se entrega a um personagem mais cauteloso, e que usa a cabeça como arma contra qualquer criminoso e problema que ele ver pela frente.
Em “ Cry Macho, ”Ele interpreta um criador de cavalos arruinado e um ex-astro de rodeio que recebe a tarefa de ir até a Cidade do México, em 1979, de um ex-chefe para resgatar um menino de 13 anos, Rafael (Eduardo Minnett), e levá-lo de volta ao Texas. (Ele está tirando o menino de sua mãe mexicana rica e trazendo-o para seu pai, dono de um rancho americano.) Forçado a tomar o caminho de volta para o Texas, a dupla improvável enfrenta uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo encontra conexões inesperadas e seu próprio senso de redenção.
Ver um ator tão premiado e aclamado atuando em um filme, aparentemente calmo e sereno, que fez prestar mais atenção nas expressões corporais e na forma como cada palavra saia de sua boca. Se você espera encontrar um super Clint veloz e pronto para a briga, não vai acontecer, definitivamente. O que vemos é um ator mais lento e mais travado, por conta da idade, obviamente. Mas o foco desse filme é a trajetória da experiência, com a ingenuidade e juventude. Clint até apresenta indícios de uma aventura, com duas ou três trocas de soco, armas apontadas para ele, ameaças de morte, mas tudo meio parado e sem muita ação. Afinal, o nosso astro precisaria de muito mais do que força física e agilidade para lidar com essas cenas.
Em “ Cry Macho”, Eastwood domina a cena com a simplicidade pensativa de suas palavras - o que vemos é uma luta com convencimento através das palavras e de sua bagagem ao longo do tempo.
Tá, mas como é o filme? Adaptado do romance de N. Richard Nash de 1975, é amigável, divertido e estereotipado, de uma forma inofensiva e bem-humorada, e é um caso totalmente secundário. É ambientado em 1979, depois que Mike Milo de Clint foi demitido por Howard Polk, seu chefe no rancho, interpretado por Dwight Yoakam. Mas, como vemos no filme, Mike deve muito a Howard (ele salvou a vida de Mike depois que ele chegou ao fundo do poço). Então, quando Mike é ‘convidado’ a cruzar a fronteira para resgatar o filho afastado de Howard, ele não tem escolha a não ser ir, não é mesmo? Afinal, ele deve tanto ao Polk.
O ex-astro de rodeio vai em busca do menino na cidade do México, onde ele ‘vive’ com sua mãe despreocupada, que deixa o filho ser abusado fisicamente, por seus parceiros, o que faz com que o menino ganhe o mundo e viva por si mesmo e com a ajuda de seu galo, ‘Macho’ pelas ruas da cidade. O menino é descrito pela mãe como alguém selvagem, na sarjeta, que vive assistindo brigas de galos e sabe lá o que mais. Antes de conhecermos de fato o menino foco da viagem, já criamos uma imagem do que vem por aí, mas o que nos é apresentado é totalmente diferente do que pudemos imaginar. Nunca fui à Cidade do México, mas como Mike descobriu logo de cara onde o menino estava e em qual briga de galo iria achar o seu foco, foi incrivelmente rápido o suficiente para resumir toda e qualquer cena que pudesse enrolar o filme. Afinal, o diretor e astro do filme tem 91 anos e não precisa enrolar ninguém em cena para chegar direto ao ponto.
Após a polícia chegar ao local e prender alguns homens por conta da briga de galos, Mike encontra o menino e a minha reação é: o garoto parece muito legal. E o galo também.
O que vemos é um garoto assustado e com medo de acreditar em qualquer pessoa que ele encontra por aí. A aventura dos dois rumo aos Texas trazem algumas cenas de ação, como uma quase agressão de mexicanos contra o caubói gringo, roubo de carros e uma perseguição para tarzer de volta o menino, já que a mãe não quer mais que o menino já embora, por questões financeiras, que tanto o pai e a mãe fazem questão de ter o menino por perto;
O que vemos é que o grande amigo de Rafa é o galo ‘macho’ que é mais do que um galo de briga, e sim, aquele que está ao seu lado o tempo todo e ainda o ajuda a se livrar de alguns bandidos que sua mãe enviou para capturar o menino. O galo é um dos galãs do filme e traz momentos de diversão com a dupla Rafa e Mike.
Fora todas essas questões, temos transmitido na tela, um romance senior, entre Mike e Marta. O filme mostra o flerte, o querer e o passo a passo da troca de olhares, a dança e o toque de duas pessoas que descobrem serem apaixonados um pelo outro, mesmo a barreira da lingua atrapalhando um pouco o romance.
O filme meio que termina sem um final, apenas deixando um ar de continuidade no ar. Mike entrega o menino ao pai na fronteira do México com o Texas e vai viver sua vida no México com Marta. O mais engraçado disso tudo é que Leta não aparece mais ao longo do filme, e a caçada para saber quem vai ficar com o menino por questões financeira termina com Rafa conhecendo seu pai e dando um abraço de esperança por uma vida nova e com mais amor. Será que ele vai conseguir?
Um filme mais calmo e que a estética fica bem a cara de velho oeste e o foco é tratar as questões com as palavras certas, e claro, com um certo pé no freio com as cenas de lutas e brutalidade. Pois mesmo deixando claro que o menino sofre agressões e abusos, o filme não mostra essas cenas, deixando a entender que o foco é a relação de confiança no desconhecido e como as gerações se encontraram e se tornaram grandes amigos, mesmo que com algumas desavenças no início.
0 Comments
Muito obrigada por comentar no Blog Carolina Sales. Em breve você receberá um retorno, caso o seu comentário seja uma crítica, elogio ou dúvida.